me perdi tentando agradar me achei me decepcionando.

Eu ainda duvido de mim em todos os sentidos. Mas talvez… tudo bem duvidar. Talvez duvidar de si seja o primeiro passo pra começar a se respeitar. Porque quem se questiona também se ouve. Quem se incomoda, se movimenta. E quem se incomoda consigo mesma, muitas vezes, tá só tentando voltar pra casa. Pra dentro. Entendi que toda vez que criei coragem pra desagradar alguém pra me respeitar, eu tava na realidade , resgatando pedaços meus que eu tinha esquecido por aí. Era como dizer: "ei, eu também importo aqui." E olha, pensar nisso é como estar cara a cara com um abismo. Quando paro pra lembrar das situações que aceitei só pra não causar algo, pra ser boazinha, pra não ser “a difícil” e posso te dizer que isso quase que virou algo automático oque me assusta ainda mais hoje . Mas também entendo que a gente cresce aprendendo a agradar o mundo antes de se escolher. E quando a gente esquece de se escolher por muito tempo… perde o endereço de si mesma. A gente aprende a dizer “sim” quando quer dizer “não”. A engolir palavras, emoções, opiniões, vontades. Tudo pra não ser rejeitada. Pra não ser “a chata”, “a complicada”, “a que faz drama”. Só que agradar demais, no fim das contas, é só uma forma bonita de se abandonar. A gente entra nesse modo automático de querer ser querida por todos e se esquece de ser querida por si. E o que ninguém te conta é que quanto mais você se molda pra caber, mais você se espreme. Mais você se apaga. Mais você se perde. Afinal, o que adianta ser a versão ideal pros outros, se você não se reconhece mais? Viver pra agradar é viver com medo. Medo de ser julgada, rejeitada, trocada, deixada pra trás. Mas quer saber? Quem só gosta da sua versão “editada” nunca gostou de você de verdade. Muita gente se perde tentando ser popular, social, desejável, aceita. Se perde em personagens, em filtros, em versões editadas de si mesma. E sabe qual o problema? Quanto mais você é você de verdade, menos gente vai te aplaudir porque ser real assusta. Principalmente num mundo onde todo mundo tenta parecer perfeito o tempo todo. Mas sabe o que é mais louco? No momento em que comecei a assumir minha intensidade, minhas falhas, meu caos e minhas cicatrizes algo que eu sempre estive em busca aconteceu, eu encontrei paz. Paz de verdade. Silenciosa, gostosa, leve. E descobri que essa paz não vem de agradar os outros. Vem de parar de decepcionar a si mesma. Hoje eu sei que a única coisa que eu não posso mais perder… sou eu. Nem pra agradar, nem pra caber, nem por amor, nem por medo. Me ter inteira, mesmo bagunçada, é o maior presente que eu posso me dar. E quer saber? Melhor viver o meu destino de forma imperfeita do que interpretar o roteiro perfeito de outra pessoa. Agora eu comecei, finalmente, a viver a minha vida. Por mais torta, confusa, caótica ou “errada” que pareça pros outros… Ela combina comigo. De cabo a rabo. Das crises de risos a crise existencial. E só um recado pra quem tá nesse mesmo rolê de se reencontrar, seja gentil com você quando estiver aprendendo a ser quem é. Não se cobre tanto por não estar pronta. Crescer dói. Mas se encontrar, mesmo aos poucos, é libertador.

Bianca Torriani

7/16/20251 min ler

Café, caos, coração.