a coragem exagerada que o amor lhe causa.
Por muito tempo me perguntei, por que algumas das maiores loucuras de amor, principalmente quando estamos absurdamente apaixonadas, na hora pareciam gestos românticos simples e doces? Só que, olhando em retrospecto eram mais surtos do que flores. Digo isso com toda a empatia possível de ambos os lados. Mas o mais curioso é que, em conversas com minhas amigas, sempre ouvia a frase mágica: “Melhor tentar do que se arrepender de não ter tentado.” Essa frase, devo confessar, já me levou a cometer algumas pequenas atrocidades emocionais. Nada de crime, claro. Só aquelas vergonhas que você revive no banho, sabe? E se a gente parar pra pensar… talvez haja uma ponta de razão nisso. A verdade é que, para algumas pessoas, o amor já andou de mãos dadas com o caos especialmente quando o relacionamento é entre dois seres intensos demais. Aqueles casais que brigam por onde vão jantar e fazem as pazes como se estivessem em um filme francês. Se você não se encaixa nisso, tá tudo bem. Mas me diga com sinceridade: você nunca fez uma loucura de amor? Quando estamos apaixonados, somos movidos por sentimentos fora do comum. A vontade de viver, de se arriscar, de sentir tudo, dobra de tamanho. Ter alguém que te entende só com um olhar, que ri das suas piadas internas e sabe seu tom de voz só pelo bom dia… é viciante. Que te entende com um olhar, que ri das suas manias, que te conhece até nos silêncios é uma das experiências mais humanas que existem. E talvez seja por isso que a intimidade assuste tanto quando termina. Porque não é só a presença da pessoa que faz falta, mas todo o universo emocional que vocês construíram juntos. Mas essa conversa fica para outro momento. O ponto é: até onde você iria pelo amor da sua vida? Eu já me fiz essa pergunta diversas vezes. Às vezes, acho que fui longe demais. Outras, penso que talvez não tenha ido longe o suficiente. E então me peguei imaginando, será que o caos é um ingrediente inevitável do amor verdadeiro? Ou será que aprendemos a confundir intensidade com profundidade? Talvez o que falte na equação não seja mais coragem, e sim mais consciência. Porque tem uma diferença enorme entre se jogar e se afogar. A intensidade, por mais que nos tire o fôlego, não garante que haja profundidade no mergulho. E é aí que a gente tropeça. É fácil confundir o calor com a chama certa. Porque é tudo muito arrebatador, rápido, cheio de metáforas dignas de playlist triste no fim do dia. O problema é que a gente aprendeu a medir o amor pelas explosões e não pela construção. Pelo impacto imediato, não pela sustentação a longo prazo. E confundir esses dois caminhos o da intensidade com o da profundidade é como acreditar que uma fogueira alta é melhor do que um fogo que mantém a casa aquecida por horas. Um é bonito de olhar, o outro é onde você pode deitar e descansar. A coragem que o amor desperta, essa coisa que nos faz mandar mensagens que juramos que não íamos mandar, comprar passagens no impulso, atravessar cidades ou corações ela pode ser linda. Mas também pode ser só barulho. E se a gente não parar pra olhar com calma, corre o risco de chamar de alma gêmea quem só foi espelho do nosso desejo de sentir alguma coisa. Tem gente que ama o amor mais do que ama o outro. Gente que precisa da adrenalina, do drama, da euforia que só um amor inacabado sabe provocar. E, por isso, se prende a relações que parecem profundas, mas são só muito intensas como tempestades tropicais que alagam tudo, mas não irrigam nada. No fim das contas, talvez o verdadeiro amor não seja aquele que faz o coração disparar, mas aquele que faz ele respirar em paz. Que dá vontade de ficar, de cuidar, de crescer. Amor que é profundo não precisa gritar. Ele se faz presente no silêncio confortável, no toque sem urgência, no olhar que não promete o mundo, mas segura sua mão enquanto vocês o constroem juntos. A intensidade passa. A profundidade permanece. E a gente vai aprendendo aos poucos, às vezes com dor, outras com saudade que nem tudo que explode ilumina. Às vezes, o brilho que aquece mesmo vem devagar. E fica. .
Bianca Torriani
7/15/20251 min ler
Histórias
Café, amor e caos da vida nos vinte.
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